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lyrics

Meu querido,
Podes ser tão imenso como as montanhas,
Mas não entendes o seu coração,
As suas entranhas.

Somos seres de patranhas,
Da verdade cozida com manha,
E, se me palpito toda contigo,
É por te imaginar de tronco nú, suado,
A carregar lenha…

Minha querida,
Sou o leão da estrela,
Opiófago da boémia escarlate,
E a alcateia com quem fumego
Serve-se *à la carte*.

No meio da variedade do menu,
Dos brutos e dos parisienses,
Eu sou a Maria Sangrenta:
Apareço à terceira
Quando o céu irrompe em magenta,
Quando as meninas do papá como a menina
Trincam caramelos na feira
E sujam a vestimenta…

“Quem meu filho beija minha boca adoça“
Devias ser o menino mais bonito da vila
Aos olhos de uma mamã fogosa.
Tão travada pelos pais quando moça,
Tão uniformatizada para não ser perigosa,
Para agora suspirar com publicidade enganosa.

Um dia faço-lhe uma visita,
Vou lá a casa cozer chocolate.
E mexê-lo lentamente até ficar derretido,
Deixando-o descer-lhe lentamente até ao umbigo.

Ai filho, não me preocupo contigo.
Tão são e forte, homenzinho desde petiz,
Certamente vais fazer uma menina muito feliz.
A minha atenção vai para o pobre absolvido,
Desde 93 que curo indisposições e prurido…

Falando de publicidade enganosa,
Desses *gadgets* que compramos por não fodermos,
Desses carros velozes, roupa justa, *fast food* cremosa,
E de mim.
É que eu não baixava a guarda comigo.
Porque trabalho esta imagem como um eremita lento,
E só mostro o conteúdo quando for tempo,
Porque sou eu quem inicia o movimento,
Filha.

Curte-me este spot:
Eu mais 3 *partenaires*, loiras, altas,
Que não me olham mas dão-me alento,
Agarram-me os braços e fitam a câmara,
Um filtro a preto-e-branco,
A trespassar os vestidos um pouco de vento.
Nas mãos ostento um álcool caro.
Tenho um ar sério e certo. Suculento.
Com o dedo indico: “Vem”
E vocês vêm,
Porque sabem que vos curo desse sofrimento,
Esse puxão cinético.
Esse sapo que saltita na vossa barriga, entre o estômago e útero.
Tanta dor em vós que se resolvia neste momento.

“Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens”,
Sou um príncipe negro, como o Régio,
Estou na permanente vertigem.

Estou na permanente fuligem,
Que se agarra às fugas da rotina,
Sou o fim da energia que em mim tem partida.
Sou o fim de mais um dia da minha busca indefinida.

Eu sei o que vão dizer. Melhor, inferir. Que me procuro a mim mesma, no fundo. É sempre assim.
Mas se só me procuro, no fundo, onde é que me deixei? E que pedaço morno de carne eu soltei?
Uma pequena mulher sacudindo as pernas, relinchando, de costas para o chão como uma tartaruga imobilizada? Ou um pequeno embrião brilhante, em posição fetal, numa sarjeta, à espera?
Já me perdi.
E contraí.
E libertei.

Não chega, é precise que demore. É preciso que eu demore.

credits

from N​ã​o há Maria que Aguente, released July 21, 2020
Ana Catarina Vigário - Voz
Gonçalo Tavares - Voz; Baixo
Catarina Estácio - Guitarra
Ricardo Vieira - Teclado; Electrónica
Manuel Brásio - Bateria

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Melífluo Porto, Portugal

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